quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Vacas de inverno

Múúúú!!! Os mamíferos estão à solta! Mas não estou falando dos que nos brindam o leite e a carne argentina. Refiro-me, na verdade, aos pequenos bebedores de leite. Argentininhos e argentininhas que invadem as ruas, praças e todos os meios de transporte da cidade nesta época do ano.
"Vacas" é uma abreviação cool pra "vacaciones", férias em espanhol. E se for de inverno são, quase necessariamente, férias escolares. No calendário geralmente ocupam a última semana de julho e a primeira de agosto, supostamente as mais frias. Mas, ao invés de ficarem no quentinho do lar, saem como formigas. Vestidos em suas "camperas" - casacos com muito recheio e um capuz - coloridas, os miniaturas dominam Buenos Aires.
Da provincia à capital, sao milhares de crianças com o incrível talento de fazerem os pais gastaram todo o seu dinheiro - e paciência - em poucos dias. Parece que é preciso seguir uma espécie de programação básica que inclua, no mínimo, um cinema, uma visita ao Zoo e uma à Rural (que é como o Riocentro daqui e sempre tem uma feira rolando). Sem contar na quantidade de Mc lanche feliz que é até completar a coleção do momento. "Kung fu Panda" tá bombando!
Acho que, pra quem vê de fora, o que mais chama a atenção em tudo isso é o instinto de reprodução do argentino. Porque tem uma hora que você não acredita que possa ter tanta criança numa só cidade, ainda mais sendo capital. E cada mãe carrega uma média de 3: um de mão dada, um no carrinho e outro na barriga que é pra já ir garantindo a presença nas férias do ano que vem. Muita fertilidade!!!
Não sei qual pode ser a explicação porque se tem uma coisa que o povo faz aqui é assistir televisão! Talvez sejam os tais "bons ares". Vá saber! Por via das dúvidas, aqui vai o conselho: se você é aquele típico brasileiro que vem passar o feriadão aqui mas quer levar de lembrança apenas uma caixa de alfajores, não bobeie: use camisinha!

sábado, 26 de julho de 2008

Paraíso literário


Uma das coisas que mais chama a atenção -e que mais amo- em Buenos Aires são suas livrarias. Só na Corrientes existem mais livrarias que em toda a cidade do Rio de Janeiro, dizem. E eu não duvido.

Mas não é só o fato de ter muitos lugares vendendo livros, mas da qualidade desses locais e de seus produtos. Aqui encontramos de tudo, livros esgotados no Brasil já encontrei vários, clássicos da literatura universal não à preço de banana, mais barato ainda! A crise sobe os preços dos alimentos, mas a alma de quem vive nessa cidade está sempre muito bem alimentada.

Isso porque na Argentina bens culturais não tem imposto. Ou seja, você compra cds, filmes e livros por um preço acessível à quase toda a população.

Uma das minhas atividades preferidas é visitar livrarias. Porque além de todas as vantagens que já citei, aqui podemos folhear e ler os livros sem que os vendedores nos pressionem e digam que temos que comprá-los. E muitas dessas livrarias possuem cafés, onde podemos sentar e aproveitar ainda mais o prazer da leitura.

Essa semana com visita em casa fomos ao clássico dos clássicos, a livraria El Ateneo da Avenida Santa Fé. O lugar é um antigo teatro que virou uma das livrarias mais belas e charmosas do mundo. Não dá para visitar Buenos Aires sem perder algumas horas aí, ente livros e cds.

Mas mesmo assim ainda sou daquelas pentelhas que prefere os lugares apetadinhos e pequenos das livrarias sem a pompa do Ateneo. Mas isso não significa que não fique encantada cada vez que passo por ali e entro, ficando pelo menos 2h admirando tanta literatura junta. Como diria Jorge Luis Borges:

Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria

terça-feira, 8 de julho de 2008

Sociedade macabra

Acho que todos sabem da fascinação que os argentinos tem com a morte, mais especificamente com os mortos. Existem várias histórias sobre roubo de corpos, ou o fato do Cemitério da Recoleta ser ponto turístico. Claro, não podemos esquecer o "seqüestro" do corpo da Evita e o roubo das mãos do Perón. Excelente tema para um tango.

Agora novamente o macabro volta a ser notícia nos jornais por aqui: fecharam o Jardim Botânico, entre outras razões, porque encontraram restos humanos PELOS JARDINS. E pior, os funcionários que fizeram as denúncias disseram que isso acontece há anos.

Acho que não existe limites pra loucura (só pelos mortos?) na Argentina.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

"Hay gobierno, soy contra!"


A crise atual CAMPO X GOVERNO aqui da Argentina que já leva 100 dos nossos preciosos dias é comentada no mundo todo, e já, já vou comentar também.

Mas hoje vi algo interessante: tem argentino irritado não só com a família Kirschner, mas também com a oposição, nesse caso o governador da Capital Federal (cidade de Buenos Aires), Maurício Macri.

Pra começar, se você por acaso acha esse nome conhecido, deve ser porque ele era ninguém menos que o presidente do Boca Juniors. Como eu disso uma vez em outro blog, argentinos também possuem seu Eurico Miranda, mas num nível um pouco mais sério.

Esse mês eu já vi o nome do Macri associado a 3 questões polêmicas:

1. A falta de gás nas escolas públicas da Capital Federal. Pois é, os pirralhos tão morrendo de frio, e o Macri parece não tá nem aí pra isso;

2. O bônus de fim de ano pros funcionários do governo que cumprirem com seus objetivos. Mais empresa impossível. Pois é, pro Macri o cara não tem que trabalhar porque foi eleito, porque essa é sua função como político, nada disso. Ele dá um incentivo (que pode chegar a 25 mil pesos, algo como 15 mil reais, acho eu), só pro cara fazer o que ele deve como funcionário do governo!

3. A briga com os taxistas. O trânsito em Buenos Aires está começando a ser um caos, do tipo que os analistas já querem pensar em um futuro estilo São Paulo. O Macri resolveu fazer alguma coisa: pista exclusiva para ônibus. Funciona mais ou menos assim: nas avenidas do centro e áreas de grande movimento, a pista da direita vai ser exclusiva pra ônibus ou táxis com passageiros. O estresse pros taxistas é bem simples: como eles vão pegar passageiros se não podem estar do lado direito? Logo, não vão poder pegar passageiros logo no centro e nas grandes avenidas?

Claro, o primeiro e o segundo item foram motivos de protesto pela parcela da população afetada. Os alunos foram gritar na frente das suas escolas com cobertores nas mãos, um barato. Os taxistas, olha aí a foto, hoje pararam o centro. E o segundo item, estranho, mas nenhuma madame da Recoleta saiu com sua panela e casaco de pele pra reclamar sobre esse dinheiro público usado, a meu ver, de forma indevida...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Até onde você iria por um café?


Dizem as más línguas que brasileiro adora uma fila. Recentemente descobri que é mais uma característica que compartilhamos com nossos hermanos argentinos.

Em maio inaugurou o primeiro Starbucks na Argentina - a famosa rede norte-americana de café - em Palermo, mais especificamente no shopping Alto Palermo. Fiquei feliz porque é perto da minha casa e como boa viciada num café, um lugar assim é sempre bem vindo. Mas, qual não foi a minha surpresa ao descobrir que as pessoas estão fazendo fila de até DUAS horas pra conseguir um café! E pior, pagando muito caro, 10 pesos!


Tudo tem limite, pelo menos pra mim. Continuo preferindo sentar num bom café bem porteño. Mas sempre reclamei que aqui não é comum ter locais que vendem café pra levar, e por isso eu tinha virado fã do café do Mc Donald´s. E devo continuar com ele, por um bom tempo: não tem fila e sai a metade do preço. Como diz a campanha do próprio Mc Donald´s aqui, "Porque pagar caro por um bom café?" (ou algo do estilo).

Experiências:

Existem grupos e uma causa no Facebook pela vinda do Starbucks pra Argentina. Lá tem depoimentos de pessoas que ficaram 2 horas na fila e acham que valeu a pena:

"DOS HORAS Y MEDIA DE COLA VALIERON TAAAAAAAANTO LA PENA CUANDO LLEGO EL MOMENTO DE DAR EL PRIMER TRAGUITO.
INCREIBLEEEEEE!!!!"

Mas o comentário que eu mais gostei -até porque eu concordo com ele- critica essa atitude:

"Ayer fui tipo 7 de la tarde y me dió verguenza!! O sea no da que haya 70 u 80 personas haciendo cola. Y no lo digo por el lugar, que está muy bueno puesto y demás sino por la gente. Se violvió idiota el ser humano Argentino?. La verdad que tenia muchas ganas de un frapuccino y me quedé con bronca pero mi vida no esta tan vacia como para perder 40 minutos en el Starbucks. Terminé con un Capuccino Frapé Mocca de McCafé :)"

Em tempo:

Existem também grupos contra o Starbucks no Facebook, e vale a pena ver o que eles falam:

* Boicote ao Starbucks para salvar os palestinos (em inglês) - O grupo denuncia que o lucro da empresa financia o armamento israelense. Grave, não? E não é o único, vários outros grupos reiteram a denúncia.

"The head of Starbucks, Howard Shultz is an active Zionist and has been recognized by the government of Israel as key for promoting the alliance between the United States and Israel."

* Boicote o Starbucks! (em inglês) - "every penny you pay for starbucks is a bullet inside a PALESTINIAN,LEBANESE, IRAQI, AFGHANI HEART. a percentage of starbucks fund goes directly to support israel military. stop helping israel against your family, stop crimes against palestinians, BOYCOTT STARBUCKS FOR THE SAKE OF ARABS DIGNITY."

segunda-feira, 21 de abril de 2008

"Se me lleno la cocina de humoooo!!!"


Tem coisas que só acontecem com o Botafogo. E outras só com a Argentina.

Depois da greve do campo que gerou falta de carne argentina para os próprios argentinos e consequentes panelaços na Plaza de Mayo chegou a hora de mais um problema em menos de um mês: "el humo".

Sim, a fumaça que invadiu Buenos Aires e cidades vizinhas. E nao estamos falando de nenhuma seleçao jamaicana de visita à terras portenhas. O tal "humo" vem das propositais queimadas de várias pastagens ("pastizales") do solo nacional.

A prática é realizada todos os anos mas desta vez a fumaça fugiu do controle e foi levada pelo vento para a capital argentina. E, como sempre, a epidemia só é grave quando chega até a porta da nossa casa.

Mais uma vez todos os jornais e noticiários só têm uma notícia pra mostrar. Que "el humo" isto, que "el humo" aquilo. Entrevistas com motoristas de caminhoes, acidentes na estrada e, claro, milhares de criancinhas com problemas respiratórios lotando hospitais públicos. Já esquecido o assunto da greve do campo, soterrado pela fumaça.
E, entre trocadilhos e piadinhas usadas pelos jornalistas pra rir um pouco da desgraça, foi impossível nao lembrar da clássica frase do filme "Cien veces no debo". No clássico da comédia argentina o pai, Julio, grita "se me lleno la cocina de humoooo" quando descobre que a filha, Lydia - que até entao ele acreditava ser virgem e ingênua - está grávida.

Neste caso, nao foi só a cozinha que se encheu de fumaça. Acordei e parecia que estava num sonho ou em alguma cena do passado. Pois era assim que estava meu quarto e todo o resto da casa: exatamente como na estética usada pelo cinema ou pela tevê quando se esfumaça a cena para mostrar algo fora da realidade.

Na rua a neblina nao deixava ver mais de 100 metros à frente e algumas pessoas já usavam o acessório hospitalar que tampa o nariz e a boca e vai amarrado na nuca - esqueci o nome em português, aqui se chama "barbijo". Outros sorriam, achavam graça, comentavam. Talvez estivessem se sentindo um pouco londrinos com toda esta história e vivendo, sim, o sonho de todo argentino que é ser mais europeu.

E claro que se na quinta feira de manha o "barbijo" custava 50 centavos, no sábado já estava, na promoçao, sendo vendido por dois pesos. A moda, como sempre, sabe se valorizar.

Hoje, segunda feira, a fumaça parece estar finalmente indo embora. Mas nada que gere tranquilidade. É o começo de uma semana argentina novinha em folha e nunca se sabe o que pode estar nos esperando...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O Rosedal de Palermo



O Rosedal de Buenos Aires é uma parte do que se conhece como "Bosques de Palermo", perto do Jardim Zoológico e do Jardim Japonês. Um lugar lindo, mas pouco conhecido pelos turistas:

En Argentina, el Rosedal de Palermo,inaugurado en 1914 , en el Parque Tres de Febrero, ubicado en el barrio que le da el nombre es uno de los pulmones de la Capital Federal. Cuenta con gran diversidad de especies.Unas 1.200 especies de rosas e hibridos dan posibilidades al visitante de un ambiente armónico y bello, lo que suma la didáctica del paseo. Todos los años expertos y amateurs se encuentran para un certamen. Se exponen rosales de todo el mundo y se galardonan las mejores creaciones.

Fonte: Wikipédia

Vale a visita!

Os créditos das fotos são da minha irmã, em março de 2008.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Piscinão portenho


Sei que estou bem atrasada com o blog... mas a vida anda corrida.



Não podia deixar de postar algo bem inusitado quando nos referimos a esta cidade: uma piscina pública. Pois é, que Piscinão de Ramos que nada... isso aí é em plena Buenos Aires, entre o Aeroparque (aeroporto doméstico) e o famoso (e rico) bairro da Recoleta. Dá pra acreditar?


E as duas cariocas felizes jogadas na grama e se molhando na ducha. Tudo pra aguentar esse calor agoniante. Buenos Aires no verão é um caldeirão.

Pra entrar no clima, música do Ataque 77:

"Buenos Aires fue, arde en medio del infierno
Y seguimos acá avivando el fuego más
Buenos Aires fue, arde en medio del infierno
Yo me voy de acá antes de que me empiece a quemar!"

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Bienvenidos!


"Hola" a todos!


Esse blog é um novo projeto que quero desenvolver. A idéia é mostrar minha visão dessa cidade que amo e que cada dia me fascina mais: Buenos Aires. Minha nova casa, por escolha, mesmo.

Quero colocar aqui coisas boas, coisas não tão boas, as péssimas, histórias, piadas, momentos, impressões, tudo!

Uma vez por semana, todas as quintas-feiras estarei aqui, com a visão mais brasileira de nosso "hermanos".

Sejam todos bem-vindos e bienvenidos!