A mais argentina das argentinas

Sei que estamos um pouco atrasados, mas não poderia deixar de celebrar aqui a homenagem da cidade de Buenos Aires àquela que considera a personalidade suprema da Argentina: Mafalda. Recentemente foi inaugurada uma estátua desse menininha que tanto adoramos em seu bairro, San Telmo.


A Mafalda significa muito pra mim. Uma das minhas paixões, terapia nas horas difíceis (é só abrir em qualquer página do "Todo Mafalda" que parece que a vida muda), meu primeiro contato com este país que escolhi pra ser meu.


E, felizmente, ela é uma daquelas coisas boas reconhecidas em todo o mundo: se você um dia for visitar Bruxelas, quando for tirar a clássica foto do Manekin Pis, seja um pouco antipático (a) e dê as costas pro mijão. Você vai ver que até ali temos uma homenagem à Mafalda.

PS1: A estátua fica na esquina das ruas Chile e Defensa em San Telmo, claro.
PS2: Terça-feira, dia 29/09, Mafaldinha faz aniversário. 45 anos, e toda prosa.

LaPrimavera

Eu sempre tive essa coisa de marcar a data de mudança de estação no calendário como se fosse aniversário. Ninguém entendia muito minha moda (continuam não entendendo) mas tenho parte dessa mania apoiada aqui em Buenos Aires.

Resulta que a chegada da primavera aqui é um evento. Dos mais simpáticos. Porque tá todo mundo meio de saco cheio do frio, de ficar em casa, de que esteja escuro quando vai pro trabalho e quando sai do trabalho.

E, como nem argentino gosta de ver o dia passando na janela, chega a primavera e é uma festa. As escolas não têm aula porque também é o Dia del Estudiante. Isso significa que a garotada faz algum evento legal na escola (tipo desfile e escolher a menina mais bonita, gincanas, apresentação de trabalhinhos em grupo...) ou invade os parques e praças da cidade pra rir, ficar junto e fazer bobagens.

No trabalho, se a área de recursos humanas for bacana, costuma-se distribuir flores. E, se os namorados forem espertos - e também bacanas - levam buquê pras namoradas. O hit da estação são as fresias da foto, flores coloridas, baratinhas e cheirosinhas. E ainda por cima de longa duração num vasinho com água.

Porém, definitivamente, o que mais se destaca é a onda de bom humor que toma conta dos portenhos. Como se as pessoas se permitissem um permiso para relaxar e sorrir.

Então, a boa deste 21 de setembro e aproveitar a ótima desculpa para curtir o dia e ser feliz. Feliz Día de la Primavera para todos!

Espelho espelho meu

Não vou mentir: Buenos Aires não é uma cidade colorida.

Mesmo se você for ao Caminito (que tem a maior quantidade de cores por metro quadrado) vai perceber que há algo de artificial, algo de Disney pra turista ver. É só passar 2 ou 3 quadras além do perímetro recomendado pra aparecer a ausência de cor.

Buenos Aires é mais que isso. É preto. E branco. É um mágico sem-fim de tons de cinza.

Enche os olhos não pelo colorido exuberante mas por um misterioso prateado que dá nome ao país.

Tem alguma coisa aqui. Algo que faz o visitante querer caminhar e caminhar. Querer voltar.

A cada quadra vou tentando descobrir o que é, mesmo sabendo que nunca vou descobrir.

Acho ótimo. Assim tenho motivos para ficar.

Quanto a gente mora em Buenos Aires tem tanta coisa pra fazer que até esquece do querido blog.

(Ótima desculpa)

Vamos lá! Vamos tentar manter atualizações interessantes por aqui...

Cinemania

Pra quem gosta de cinema, este mês Buenos Aires está naquele clima de "diversão garantida". Perdi a conta já dos festivais que rolaram e estão rolando na cidade.

No Malba, museu super cult daqui, teve cinema pornô, daqueles bem antigos que marcaram época, como o clássico "Garganta Profunda". No Patio Bullrich, o shopping mais chique de todos, uma coleção de deliciosos filminhos franceses como adianto das estréias que vão acontecer ao longo do ano. No Teatro San Martin da Avenida Corrientes, seleção de curtas da cineasta francesa Agnès Varda. No Instituto Italiano de Cultura, também no centro, clássicos italianos pra ver de grátis. Completando o combo cinéfilo, filmes japoneses num festival batizado de "Pinky Violence", que está acontecendo na Casa Brandon.

Ah, sem falar que nesta 4a feira próxima começa a 11a edição do "Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente (BAFICI), distribuído em várias salas de exibição por aí. Imperdível!

São muitas opções, muitos endereços. Deixo aqui o link direto pra página da/do Wipe, guia bem organizado dos principais acontecimentos porteños:

http://www.wipe.com.ar/agenda/index/categoria:3

Buenos Aires QUERIDA

Acontece que tanto no espanhol (que é o idioma de Buenos Aires) quanto no português (que é o idioma deste blog), as coisas geralmente são apresentadas por um artigo feminino ou masculino, seja definido ou indefinido, singular ou plural.

No caso deste blog, por exemplo, o título é "Mi Buenos Aires querido", pedacinho da música tão famosamente cantada pelo tangueiro Carlos Gardel.

Mas eu pergunto: por que queridO? Não podia ser queridA?

Tentei um raciocínio mais ou menos lógico e ele apontou pro feminino, já que Buenos Aires é uma cidade e esta é uma palavra que usa o artigo "a".

Depois tentei pensar na cidade em si, nos lugares, nas suas pessoas, na forma de viver os dias por aqui. E é difícil chegar a uma conclusão que não seja tendenciosa e, consequentemente, machista ou feminista.

Decidi que, ao menos pra mim, seria feminina. Pelo drama, pela elegância perdida e pela que ainda mantém, pelas incoerencias diárias, pelas praças que cada bairro tem e são como um círculo em meio a tantos quadrados.

É muito pessoal essa opinião, já sei. Mas assim são todas as opiniões, não é!?

Buenos Aires bizarro

Quando a gente acha que nada mais surpreende em Buenos Aires...

Fui passar 15 dias á em fevereiro. Sim, eu voltei pro Brasil, mas acho que nunca deixarei definitivamente Buenos Aires. Cada vez que posso, corro pra lá. E é impressionante como as coisas mudam em tão pouco tempo.

O que me chamou a atenção foram estas placas espalhadas por toda a cidade, uma campanha do governo municipal pelo uso de capacetes. Claro que eu apoio, mas é o jeito peculiar que só o porteño tem que chama a atenção para esta propaganda: começa bem doce e educado... e termina com uma ameaça.

Sim, Buenos Aires é bizarra.